A quantidade diária de lixo produzida por cada sorocabano aumentou 42% nos últimos dois anos. Para cada habitante, a quantidade de lixo produzida por dia subiu de 0,64 quilo em 2007, para 0,91 no ano passado, conforme estudos da Associação Brasileira de Empresas de Limpeza Pública e Resíduos Especiais (Abrelpe), nos quais foram listadas as cidades com mais de 500 mil habitantes de todo País.
O número gera preocupação para autoridades sanitárias porque 31% desse total poderia ser reciclado, ao invés de ir para o aterro local, que está comprometido e tem vida útil até agosto, segundo a Cetesb. Em 2007, a quantidade total de lixo depositada no aterro sanitário por dia no município era de 357 toneladas, para uma população de 556.419 habitantes, e no ano passado subiu para 528,7 t (população de 581.500), conforme os dados da Abrelpe. Tanto para especialistas como para donas de casa, o aumento ocorreu também devido ao aumento no consumo da população.
Os dados divulgados pela Secretaria de Obras e Infraestrutura Urbana (Seobe) apontam ainda que, nos últimos dois anos, o lixo domiciliar levado ao aterro também aumentou em 11%. De acordo com os dados levantados no aterro, em 2007, a produção per capita de lixo foi de 0,65 quilo por dia, enquanto em 2009 a produção foi de 0,72 quilos por dia. Importante frisar que o aterro não recebe só lixo domiciliar, mas outros materiais, como lixo hospitalar (após tratamento e esterilização), rejeitos de coleta seletiva, varrição pública e lixo industrial com características domiciliares, entre outros.
Mais consumo, mais resíduos
Para o professor da Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho” (Unesp/Sorocaba) e especialista em resíduos sólidos, Sandro Mancini, não há dúvida do crescimento do lixo em Sorocaba, já que reflete o crescimento da cidade. E não é só o especialista que defende essa posição, populares também concordam e reconhecem que, nos últimos tempos, passaram a produzir mais lixo. “Produzo mais lixo pois consumo mais também”, explicou a aposentada Maria Socorro Terci.
Para ela, quanto maior o poder de consumo da sociedade maior também o total de lixo que ela produz. Mesmo se identificando com esses “produtores de resíduos”, Maria Socorro explicou que separa o que pode para a reciclagem e lê até livros referente ao assunto. A dona de casa Gislaine Labarca lembrou que, tempos atrás, não existiam garrafas pet, apenas retornáveis. Hoje, por economia e comodidade, as pessoas acabam preferindo a embalagem pet às retornáveis.
Estado de atenção
A secretária do Meio Ambiente, Jussara de Lima Carvalho, reforçou que, mesmo que as atividades humanas culminem na geração de resíduos, “é preciso atenção ao aumento desenfreado da produção”, e usou como exemplo dados que apontam que os países desenvolvidos produzem uma porcentagem bem menor de resíduos orgânicos do que as nações em desenvolvimento. “No Brasil, por exemplo, 60% dos alimentos são descartados. A filosofia do descartável e do excesso de embalagens predomina em diversos setores”.
Além disso, Jussara acredita que a Política Nacional de Resíduos Sólidos, aprovada recentemente pela Câmara Federal, traz uma grande contribuição nesse setor e também na minimização da geração de resíduos em geral, pois prioriza a responsabilidade compartilhada pelo ciclo de vida dos produtos. Os fabricantes, importadores, distribuidores e comerciantes terão de investir para colocar no mercado artigos recicláveis e que gerem a menor quantidade possível de resíduos sólidos, o mesmo se aplicando às embalagens. Jussara lembra ainda que Sorocaba vai realizar seu Plano de Saneamento que contempla um planejamento dos resíduos sólidos da cidade.
(Maíra Fernandes - Jornal Cruzeiro Do Sul)
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