Triunfar em mundiais juvenis de seleções pode explicar sucesso de equipes como México e Suíça. Argentina tem dez ex-campeões
Ter sucesso em mundiais juvenis organizados pela Fifa pode render boas atuações em Copas do Mundo. Das seleções que se destacaram até o momento na África do Sul, pelo menos seis (incluindo o Brasil) chegaram às semifinais nos últimos campeonatos sub-17 e sub-20. Uma conquista surpreendente como a do México, campeão sub-17 em 2005, no Peru, apresentou resultado cinco anos depois – a vitória por 2 a 0 sobre a França, pelo Grupo A, praticamente carimbou a vaga às oitavas-de-final.
Vela fez o primeiro.
Messi, aliás, tinha idade para jogar esse torneio, mas já era considerado fenômeno do Barcelona e ficou fora. Dois anos antes, o campeonato do gol descrito acima, ele participou para acabar de vez com especulações de que poderia se naturalizar espanhol e defender a "Fúria". Pela regra da FIFA, se jogar campeonato júnior por uma seleção não pode vestir outra camisa.
“Sempre tive prazer em defender a camisa da Argentina”, disse Messi, acusado em seu país de ser mais espanhol do que argentino. Culpa das atuações irregulares antes da Copa pela seleção e por ter saído do país com apenas 11 anos.
Alexis Sanchez em ação no Mundial sub-20 de 2007, quando o Chile terminou em terceiro. Na estreia chilena na Copa, Sanchez foi o destaque
Atuais campeões sub-20, Gana tem quatro jogadores que levantaram a taça no Egito: o atacante Dominic Adiyiah foi o craque daquela competição, mas hoje é reserva. O meia André Ayew foi titular na vitória de 1 a 0 sobre o Japão, o único triunfo africano na primeira rodada. Talvez a queda de produção dos africanos em competições de base explique a má fase no profissional. Eles tradicionalmente se davam bem (teorias, não comprovadas, dizem que falsificação de idade ajudaria) - só no sub-17 são cinco títulos em 13 torneios, mas a maioria até 1995, justamente quando a Fifa passou a averiguar melhor a documentação dos garotos.
“O entrosamento que pegamos na base ajuda muito”, disse o meia Arturo Vidal. São cinco chilenos terceiros colocados no Canadá em 2007 na convocação de Marcelo Bielsa. Todos foram titulares no 1 a 0 sobre Honduras.
A Alemanha perdeu para a Sérvia na segunda rodada, mas na primeira jogou o melhor futebol ao aplicar 4 a 0 na Austrália. O time não tem tradição nos mundiais de base: ganhou um faz tempo, em 1981. Mas foi terceiro no sub-17 de 2007 e tem um jogador daquele time na Copa: o meia Toni Kroos, de 20 anos.
Mas a geração de 20 anos não pode ser desprezada, porque se não ganha o mundo, leva o continente. Em 2009, os alemães foram campeões europeus sub-21 e quatro daqueles jogadores (contando Kroos) estão no time: os defensores Jerome Boateng e Holger Badstuber e o meia Thomas Mueller, 20 anos, a sensação na estreia.
Brasil
Dunga convocou dois campeões sub-20 em 2003, nos Emirados Árabes: Nilmar e Daniel Alves. São os únicos deste time que tiveram sucesso na base. Paulo Henrique Ganso foi vice no Mundial sub-20 de 2009, no Egito, e Neymar, no sub-17 da Nigéria, não passou da primeira fase. E o treinador usou o fracasso de um (Neymar) e a irregularidade do outro (Ganso) com a amarelinha como um dos motivos para excluí-los da lista, apesar do apelo popular.
Dunga esnobou a garotada, mas ele foi campeão em 1983, sub-20 no México, ganhando da Argentina na final. Ao seu lado estava o fiel escudeiro Jorginho, hoje auxiliar-técnico. “Não tenho que levar jogador novo para uma Copa para ganhar experiência. Eu tenho que ganhar essa Copa”, disse Dunga, no dia da convocação, em 20 de maio.
A Suíça
Quem pode brilhar em 2014, no torneio que será disputado no Brasil? Olho na Suíça. Mas não porque os europeus venceram a Espanha na África, 1 a 0, na grande zebra da Copa até o momento. No campeonato que Neymar e o Brasil fracassaram, os suíços venceram (inclusive batendo os brasileiros por 1 a 0 na primeira fase). E sabe quantos jogadores daquele time estão jogando a Copa? Nenhum.
Isso mesmo. A geração que colocou a Suíça no mapa de campeões de futebol não teve oportunidade. Ottmar Hitzfeld, treinador do profissional, não usou argumentos como o de Dunga. Apenas preferiu poupar a garotada. O triunfo suíço em 2009 foi a comprovação do sucesso da mistura de raças: sobrenomes como Hajrovic, Rodriguez, Ben Khalifa e Xhaka se assemelham aos Fernandes e Shaquiri do time principal. Esta pode ser a receita para daqui a quatro anos.
Garotos suíços festejam o título mundial sub-17em 2009,
na Nigéria
(Marcel Rizzo, iG São Paulo)
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