Sem jamais justificar a agressão de um professor contra um aluno, especialistas acreditam que muitos docentes estão despreparados para reconhecer doenças e lidar com as diferenças de comportamento em sala de aula. "A falta de preparo, de incentivos e o esgotamento às vezes fazem com o que o professor ultrapasse seus limites", afirma Quézia Bomnonato, presidente da Associação Brasileira de Psicopedagogia. "Mas nada justifica que um adulto, sobretudo um professor, amarre uma criança."
Quézia alerta ainda que alguns professores mal preparados acabam usando violência verbal, exclusão e rótulos para aprisionar emocionalmente os estudantes. "É grave, mas difícil de medir." Segundo ela, a melhor forma de lidar com um aluno agitado é lhe passar tarefas, como apagar a lousa, fazendo com que fique ocupado. "O professor precisa entender as diferentes necessidades e possibilitar que a criança dê vazão a sua hiperatividade", diz.
A psicopedagoga reconhece que muitos pais não dão limites aos filhos, o que torna seu comportamento mais difícil em classe. "As famílias não estão dando conta de educar e jogam a responsabilidade para a escola. Mas elas têm de ser parceiras." Nos casos em que a agitação da criança pareça acima do normal para sua idade, o papel do professor é conversar com os pais para que eles procurem um diagnóstico e, se for o caso, tratamento.
A psicóloga Cleide Heloisa Partel, especialista em Transtorno do Déficit de Atenção com Hiperatividade (TDAH), afirma que muitas vezes o aluno que tem o problema acaba sendo visto como indisciplinado. "Infelizmente nem todos conseguem saber a diferença entre malcriação e hiperatividade", diz Cleide. (Luciana Alvarez - AE)
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