sexta-feira, 13 de agosto de 2010

Máfia da merenda desviou R$ 280 mi em notas frias

As empresas da chamada máfia da merenda são acusadas de movimentar R$ 280 milhões em notas frias de 2008 a julho de 2010. O Ministério Público do Estado de São Paulo obteve provas que mostrariam como funcionava o esquema. Os grupos Geraldo J. Coan e SP Alimentação comprariam notas fiscais e usariam fantasmas para sonegar impostos. Eles mantêm contratos com prefeituras de todo o País, até mesmo com a cidade de São Paulo.

As empresas atuam no ramo de terceirização da merenda de escolas públicas. Segundo os promotores, a máfia pagaria propinas para secretários municipais em troca dos contratos e forneceria um serviço de péssima qualidade. Elas negam as irregularidades e os pagamentos de propina. Além disso, as prefeituras pagariam por esse serviço mais do que gastavam com a merenda antes da terceirização.

Segundo dados obtidos pelo MPE, o esquema de lavagem e de notas frias da Geraldo J. Coan envolveria duas empresas fantasmas abertas supostamente para ocultar as movimentações financeiras do grupo: a CJM e a Carsena. Conforme o jornal O Estado de S. Paulo revelou, o endereço da sede da Carsena em Indaiatuba, no interior, é ocupado na verdade por uma igreja.

O dono no papel da Carsena, Carlos Siiri Nakajima, contou aos promotores que emprestou seu nome para a abertura da empresa em 2006. Ele afirmou ter concordado em receber R$ 2 mil por mês para simular que a empresa vendia refeições para a Geraldo J. Coan.

O mesmo esquema acontecia com a empresa CJM. Cândido José Machado, sócio da empresa, contou em depoimento aos promotores no dia 5, em Contagem, Minas Gerais, que foi procurado por um homem de Vinhedo, no interior do Estado, com a proposta para que ele abrisse uma empresa em São Paulo. Caso concordasse, ganharia R$ 3 mil por mês.

A documentação foi providenciada por um escritório de advocacia com sede na Rua Cândido Espinheira, em Perdizes, na zona oeste de São Paulo - que foi alvo de busca feita pelo MPE. Ele alegou desconhecer os donos da Geraldo J. Coan. Segundo dados obtidos pelo MPE com a Receita Estadual, a CJM teria movimentado, entre 2008 a maio de 2009, R$ 23,8 milhões.

Testemunha

Uma testemunha ouvida pelos promotores Silvio Antonio Marques e Arthur Pinto de Lemos Junior afirmou que o grupo SP Alimentação comprava notas frias em nome das empresas Cerealista Guimarães Ltda, Irmãos Franco, Hortifruti e Genova Agrocomercial. O grupo pagaria 2,5% do valor de cada nota para os homens, que as vendiam para a SP Alimentação.

A reportagem procurou ontem a SP Alimentação e a J. Coan, mas não conseguiu contato. Ambas sempre negaram irregularidades nas licitações e na execução dos contratos com as prefeituras. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo. (AE)

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