Esta é a primeira vez que o Ministério Público Estadual (MPE) acusa um empreiteiro de envolvimento com a facção. Investigado pelas Polícias Federal e Civil e Receitas Federal e Estadual, Flauzio responde ao processo em liberdade e nega os crimes e a suposta relação com o PCC. Seus advogados foram intimados a apresentar a defesa prévia. Ele nunca foi flagrado com drogas ou armas pela polícia.
Relatório da PF diz que Flauzio usava um celular para conversas sigilosas e outro para negócios lícitos. Segundo o Grupo de Atuação Especial de Repressão a Delitos Econômicos (Gedec), ele movimentou R$ 165 milhões em suas empresas entre 2000 e 2005 por meio de uma construtora, indústria de embalagem, fazenda e loja de carros. Só as empresas Marecar Veículos, Taís Veículos e Artec Praia Grande teriam movimentado R$ 100 milhões - só a última está em nome de Flauzio.
Segundo o Gedec, embora as demais empresas estejam em nomes de laranjas, Flauzio usou as contas delas para movimentar dinheiro. “É certo que o capital movimentado pelas empresas não contou com respaldo nas receitas declaradas à Receita Federal e tampouco provém de atividade econômica legítima”, afirma a denúncia assinada pelos promotores Arthur Pinto de Lemos Junior, Gilberto Leme Garcia e Cássio Conserino.
Flauzio mesclaria o dinheiro do crime com o capital das empresas especialmente na construção de prédios. Ele teria lavado o dinheiro comprando carros de luxo, embarcações. Segundo a acusação, ele começou no tráfico de drogas em 2000 - conversas suas sobre supostas remessas de drogas foram gravadas pela polícia. Em junho de 2008, ele teria sido surpreendido participando de uma teleconferência com bandidos do PCC.
Defesa
Flauzio nega qualquer vínculo com o PCC. E diz que jamais comercializou armas. Suas declarações foram prestadas à polícia em 18 de junho de 2009, ocasião em que teve casa e escritórios vasculhados pela Delegacia de Roubo a Banco. No depoimento, afirma que seus bens e dinheiro tiveram origem “na construção civil”. Ele diz que em 1998 começou a erguer residências e prédios de pequeno porte na Baixada Santista.
No ano seguinte, fundou a construtora Artec, que funciona até hoje. Figuram como donos ele e a mulher, Cristiana Ferreira de Flauzio. Em janeiro, ela foi ouvida pelo núcleo de Santos do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado e confirmou que a empresa da qual é sócia é dona de uma Ferrari. Mas disse desconhecer outros bens que o Ministério Público diz pertencerem a Santana, como uma lancha e um Porsche.
A reportagem procurou a advogada Daniela Correia Tonolli, que defende Santana. Ela informou que não continuaria no caso e, ontem, não poderia informar o substituto. A reportagem tentou ainda entrar em contato com Santana por celular e em casa, mas não conseguiu. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo. (AE)
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