Para um evento que abre as portas ao público numa sexta-feira 13, nada mais adequado que atrações ligadas ao sobrenatural. A 21ª Bienal Internacional do Livro de São Paulo inaugurou sua programação, às 13h de hoje, com uma palestra de José Mojica Marins sobre seu personagem mais famoso, o Zé do Caixão.
A previsão é que 700 mil pessoas passem pelos estandes montados no Pavilhão do Anhembi até o dia 22 de agosto. O investimento para essa edição foi de R$ 30 milhões, contra R$ 22 milhões da Bienal de 2008. A programação também ficou mais extensa: 1100 horas, contra 700 horas da edição anterior. Segundo Rosely Boschini, presidente da Câmara Brasileira do Livro, o evento terá quatro temas principais: os escritores Monteiro Lobato e Clarice Lispector, a lusofonia (identidade cultural entre os países de língua portuguesa) e o livro digital.
O livro digital, por sinal, foi tema de um fórum realizado essa semana em São Paulo, como uma espécie de aquecimento para a Bienal. A principal estrela do evento foi o americano Mike Schatzkin, fundador da Idea Logical Company, uma das principais consultorias do mundo na área editorial. Durante cerca de uma hora, ele falou sobre o futuro do livro num mundo em que aparelhos como o Kindle e o Ipad são cada vez mais comuns. Segundo ele, daqui a cinco anos os livros digitais representarão entre 60% e 70% do mercado nos Estados Unidos.
No Brasil, isso deve demorar mais para acontecer. "Há algumas barreiras, e a principal delas é o alto custo do hardware", afirmou, referindo-se aos e-readers (aparelhos para leitura de livros digitais). Shatzkin, que diz não ler nada em papel há três anos e meio, acredita que o mercado editorial passará por uma grande transformação por causa dos livros eletrônicos. "Num mundo de livros de papel, é preciso ter um conhecimento específico desse formato, e também capital para imprimir e distribuir", explica.
"Com a internet, tudo isso muda. Não se vende mais um formato, vende-se arquivos. Eles podem ser livros, músicas, programas. Não há mais necessidade de um conhecimento específico do formato", continua. "Isso vai forçar as editoras a mudar o modo que elas trabalham. Elas terão que focar seus esforços no conteúdo e se especializar em alguma área. Isso as aproximará do público e diminuirá os custos de publicidade e promoção. Grandes editoras que publicam de tudo terão dificuldades no futuro", prevê.
Foto: Futura Press
José Mojica Marins, o Zé do Caixão, na Bienal do Livro de São Paulo
A presença destes temas polêmicos mostra que o objetivo da Bienal é deixar de ser apenas um acontecimento importante para o mercado editorial e tornar-se referência na discussão de assuntos importantes da cultura e da educação no Brasil. "Na comparação com edições anteriores, a programação tem um filtro muito maior", admite Augusto Massi, um dos curadores do evento.
Entre os destaques da feira estão a iraniana Azar Nafisi, autora de Lendo Lolita em Teerã, e o norueguês Jostein Gaarder, do best seller O Mundo de Sofia. Também participam personalidades de língua portuguesa como o angolano José Eduardo Agualusa, o moçambicano Mia Couto e o cineasta português Miguel Gonçalves Mendes, diretor do documentário José & Pilar, sobre a relação de José Saramago e sua esposa Pilar del Río.
Serviço – 21ª Bienal Internacional do Livro de São Paulo
Pavilhão de Exposições do Anhembi
Avenida Olavo Fontoura, 1209, Santana
Abertura ao público em geral de 13 a 22 de agosto
Ingressos: R$ 10 (estudantes e professores pagam R$ 5)
Horário: das 10h às 22h
(Augusto Gomes, iG São Paulo)
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