Richard D. Zanuck, filho do lendário Darryl Zanuck (megaprodutor da Fox nos anos 1950 e 60), é ele próprio uma lenda de Hollywood. Richard produziu os dois primeiros filmes de Steven Spielberg, A Louca Escapada e Tubarão, e os cinco últimos de Tim Burton, incluindo Alice no País das Maravilhas. Com um currículo desses, ele não é do tipo que foge a perguntas como qual o seu filme favorito?. Em se tratando de Burton, não vacila. É Sweeney Todd, o Barbeiro Demoníaco da Rua Fleet.
Zanuck não ficou decepcionado com a fria acolhida para o musical com Johnny Depp? Era um filme muito adiante de sua época. E Alice? Foi por medo das acusações de pedofilia, tradicionalmente feitas ao autor, Lewis Carroll, que Burton decidiu aumentar a idade da garotinha que cai na toca do coelho, transformando-a numa jovem mulher? Foi uma decisão criativa dele com a roteirista Linda Woolverton. Não cabia a mim contestar. Mas não houve pressão. Na verdade, a decisão de produzir Alice veio do estúdio. A Disney, que havia feito uma famosa versão animada, queria recontar a história em live action Tim (Burton) sempre gostou do livro. É um grande artista. Não se diz a Tim como deve fazer um filme. Ele pode ter fugido à pedofilia, mas a conotação sexual permanece. Alice cai no buraco depois de ouvir a proposta de casamento do pretendente que vai recusar.
200 milhões de dólares
Alice custou cerca de US$ 200 milhões. É um filme caro, mas as próprias circunstâncias assim o exigiam. Muito diferente de Conduzindo Miss Daisy. Aquele foi um filme difícil de produzir. Ninguém queria colocar dinheiro na história de uma velha dama judia e seu motorista negro. Mas isso é Hollywood. Depois, todos os executivos de estúdios me diziam que deveriam ter-se associado ao projeto. Conduzindo Miss Daisy era bom porque foi feito com pouco dinheiro. Alice exigia muito dinheiro para ser bem-feito. Foram três anos de trabalho intenso. As pessoas não fazem ideia dos desafios técnicos e artísticos que Tim se impôs. Filmamos as cenas em live action do começo e do fim durante dez dias na Inglaterra, depois foram 40 dias de estúdio, com fundo verde, em Culver City (EUA). Não creio que outro filme, nem Avatar, colocasse tantos problemas - atores, motion capture e efeitos digitalizados nas mesmas cenas. E o problema das dimensões de Alice. A técnica está muito desenvolvida, mas foi muito difícil de fazer.
Carey Villegas que o diga. Considerado um dos maiores supervisores de efeitos especiais de Hollywood, ele trabalha na empresa Imageworks desde 1999. Villegas responsabilizou-se pelos efeitos de uma só personagem, mas ela é essencial na trama, a Rainha Vermelha. Tim é um artista completo, que desenha muito bem. Queríamos usar seus desenhos e o tom caricatural que imprimiu à personagem, mas aumentar a cabeça de Helena Bonham Carter exigiu muito trabalho e tecnologia. Usamos uma câmera especial e, às vezes, a digitalização foi feita quadro a quadro. Num filme da qualidade visual de Alice, a Rainha Vermelha não poderia ser menos do que perfeita. Fizemos nossa parte, mas não teria funcionado se não fosse a interpretação sensacional de Helena.(Luiz Carlos Merten - Agência Estado (AE)
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