quarta-feira, 1 de setembro de 2010

A World Expo e a China de hoje



Foto: Guilherme Profeta

Em Pequim, jovens chinesas caminham ao redor do Estádio Nacional, construído para as Olimpíadas de 2008.

Em 2008, a China investiu cerca de US$40 bilhões nas Olimpíadas de Pequim. Resultado: um espetáculo monumental que serviu como vitrine da nova China para o mundo ocidental; a China literalmente mostrou-se para o mundo. Dois anos depois, é o mundo que se mostra à China. A edição de 2010 da World Expo (ou Exposição Mundial, evento global realizado pela primeira vez em 1851 em Londres sob o título Worlds Fair) está sendo realizada em Xangai e segue até 31 de outubro. Desta vez, o investimento é de US$45 bilhões.

A edição de 2010 da World Expo começou em maio e terá uma duração de 184 dias, durante os quais se espera receber cerca de 70 milhões de visitantes. Sob o tema ‘Better city, better life‘ (‘Cidade melhor, vida melhor‘), a exposição é um brinde à vida urbana, reunindo em pavilhões temáticos as experiências, soluções e propostas de cada nação para a vida em suas cidades. Além disso, cada pavilhão nacional apresenta parte da história, da cultura e dos hábitos do povo do país que representa. O resultado é um microcosmo do mundo resumido em cerca de cinco quilômetros quadrados entre as margens do rio Huangpu.

O que esses dois eventos de proporções mundiais, as Olimpíadas e a World Expo, dizem sobre a China? Primeiro, que eles não têm medo de investir. Segundo, que eles estão dispostos a abraçar o mundo e, consequentemente, o padrão de consumo ocidental, de McDonalds a BMWs. Aliás, isso já aconteceu. A China comunista, da forma como ela existe no imaginário das gerações mais antigas, não existe mais. Isso fica visível, por exemplo, ao entrar num Shopping Center em metrópoles como Pequim ou Xangai. Lá, é difícil saber se você está na China ou nos Estados Unidos, tanto pelos letreiros em inglês como pelo Burger King apinhado de gente numa das esquinas.

A realização desses eventos, principalmente no que diz respeito à World Expo em Xangai, mostra ainda que os olhos do mundo estão voltados para a China, e muito atentamente. Isso não é um fenômeno inédito, é claro. Olhos voltados para a China já estimularam muitos e muitos séculos de comércio durante o tempo da Rota da Seda. Posteriormente, foi a vontade de chegar à Índia e à China que estimulou os navegadores europeus a lançarem-se ao mar. Mais uma vez, após o falecimento de Mao (na década de 70) e a abertura econômica promovida por Deng Xiaoping nos anos seguintes, a China renasce como uma terra de oportunidades.

Oportunidades essas que Xangai representa muito bem por ser uma cidade híbrida que mistura o novo e o antigo, assim como o ocidente e o oriente. Não é por menos que a cidade pretende ser a próxima capital global no século XXI. A realização da World Expo é uma das engrenagens que giram nessa direção.

Hoje, há muitos estrangeiros vivendo na China, ainda que a maioria abrasadora seja, obviamente, formada por chineses. É fácil ser maioria quando se é uma nação com quase um bilhão e meio de cidadãos. Todavia, apesar de visitantes e residentes ocidentais não serem uma novidade, o povo chinês ainda é curioso com relação ao estrangeiro. Se você está indo para lá e tem sua origem declarada pela aparência ocidental, prepare-se para olhares demorados no metrô, muitas vezes seguidos por comentários indiscretos. Ainda que esteja dividida em 56 minorias étnicas, a maioria (mais de 90%) da população chinesa pertence a uma única etnia, chamada han. Ou seja, o povo chinês está muito menos acostumado à diversidade do que o brasileiro, por exemplo. Nesse sentido, quanto à diversidade, ainda há um longo caminho a percorrer até que a China consiga realmente abraçar o mundo, como vem tentando.

Guilherme Profeta é aluno do curso de Jornalismo da Uniso.

Escreve a convite do curso de Turismo.

(gacprofeta@hotmail.com / prooofeta.blogspot.com)

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