No final da década de 80, a hoje extinta Creperie Pourquoi Pas, no bairro da Pompeia, mantinha um intenso roteiro cultural. O burburinho que vinha do bar, entretanto, incomodava a quem vivia nas proximidades. O jeito foi aderir à política da boa vizinhança, conclamar os moradores e levar toda aquela programação para as ruas. Em 1988, nascia o Arte na Rua, que, mais tarde, seria rebatizado de Feira de Artes da Villa Pompeia. Organizado pelo Centro Cultural Pompeia, o evento chega à 23.ª edição neste domingo (16), a partir das 9 horas, celebrando os 100 anos do bairro, com shows e barracas de comidas e de artesanato.
"Na primeira edição, o resultado já tinha sido muito bom. Com o tempo, começamos a abrir espaço para expositores de arte. Nos nossos palcos, despontaram nomes como Chico César e Zeca Baleiro", conta Cleber Falcão, um dos idealizadores da feira. O evento é uma extensão do perfil da própria Pompeia, popularizada como berço do rock. "Num mesmo quarteirão, moraram Mutantes, Tutti Frutti e Made in Brazil, grandes bandas dos anos 70. Isso se ampliou e aqui virou a comunidade do rock", diz o guitarrista Luiz Carlini, 57 anos, fundador da citada e histórica Tutti Frutti, que acompanhou Rita Lee e continua firme na estrada. Morador local desde que nasceu, Carlini assina a direção-artística do Palco Rock.
Marchinhas e cia.
Mas nem só de rock se faz a trilha sonora da região. Casados há 53 anos - e vivendo quase esse tempo todo na Pompeia -, os compositores Manoel Ferreira, 80 anos, e Ruth Amaral, 84, fizeram fama com suas marchinhas, como "A Pipa do Vovô" e "Transplante de Corintiano" (Coração Corintiano), que nas últimas cinco décadas embalam os programas do amigo Silvio Santos, no SBT, e, por tabela, os bailes de carnaval. Homenageados da feira, os dois se viram pela primeira vez nos bastidores da Rádio Tupi, em São Paulo. Parceiros na música, investiram num filão carente de boas ideias com letras simples. "Somos felizes por sempre termos vivido de música", declara Ruth Amaral.
Outro homenageado do evento, Cecílio Gigliotti, 84 anos, se tornou famoso no meio artístico como maquiador, especializado em efeitos especiais. Ficou conhecido também como cover de Charles Chaplin. "A família dele queria me processar. Fiquei lisonjeado, porque quer dizer que sou muito parecido com ele", brinca Cecílio, que incorporou o personagem para ajudar a divulgar a 1.ª edição da feira da Pompeia, há 22 anos. (AE)
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