Todos sabem que crise, seja ela qual for, sempre significou a transição de um sistema que estava se tornando inadequado para algo novo. Além de fazer parte de muitos momentos da vida, ela também acaba servindo de estímulo para que as coisas possam melhorar. Geralmente ela parece nos momentos de grandes transformações políticas, econômicas e sociais, mexe com as pessoas e aciona o potencial criativo de cada um para que todos possam se adaptar a uma nova realidade. Infelizmente, porém, nem sempre as coisas são assim na vida política do País. Por mais que as crises ocorram nessa área de tanta importância para todos os brasileiros, nem sempre o melhor acaba acontecendo. Neste momento, por exemplo, podemos dizer que, caso o Conselho de Ética e Decoro Parlamentar do Senado não aceite pelo menos discutir as representações feitas contra o presidente José Sarney, conforme já declarou o presidente do órgão, Paulo Duque (RJ), a sociedade pode perder as esperanças de exigir de volta a credibilidade da instituição, que há muito vem apresentando sinais de franca deterioração. Será extremamente lastimável se a crise no Senado não servir para melhorar alguma coisa no cenário político brasileiro. Além da corrupção em todas as esferas do poder, o Brasil tem uma série de outras pragas, entre elas o corporativismo, sempre enraizado na vida política nacional, e a impunidade que só contempla os agentes de todos os tipos de escândalos. Dessa forma, fica difícil acreditar num País assim, onde grandes parcelas de políticos não pensam no coletivo, mas em benefício próprio, naquilo que podem usufruir às custas dos contribuintes. A única coisa que prospera é a impunidade, numa verdadeira afronta aos brasileiros. De vez em quando o ventilador faz o lamaçal se espalhar, mas tudo permanece na mesma, até o próximo episódio acontecer. Até mesmo a militância do PT, que em outros tempos, por muito menos promovia ruidosas manifestações contra tudo e contra todos, hoje está envolvida por um silêncio sepulcral. A acomodação tomou conta de todos, mostrando como é grande a hipocrisia reinante no País. Seria bom, se o Conselho de Ética do Senado pudesse contribuir para melhorar alguma coisa. Seria bom se de todo esse lamentável episódio, repleto de princípios indigestos e desastrosos, pudesse surgir um resultado promissor para toda a política brasileira, com cada um de seus protagonistas tendo mais consciência do papel que tem a cumprir no sentido de proteger a Nação. |
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quinta-feira, 13 de agosto de 2009
Os Escândalos E A Impunidade
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