No início, quando a gripe suína começou a se manifestar em todo o mundo, a partir do México e dos Estados Unidos, o ministro da Saúde, José Gomes Temporão, se apressou em anunciar, através da imprensa, que o Brasil estava preparado para enfrentar o problema e que tinha, inclusive, tratamento adequado contra a doença. Passados pouco mais de três meses, com a evolução da influenza A por todo o Pais, inclusive com inúmeras mortes, constatou-se que o seu discurso inicial não está batendo com a realidade dos fatos. Até agora já são 3.642 casos confirmados e de acordo com balanço parcial do Ministério da Saúde, divulgado na terça (11), ao menos 192 pessoas morreram. Porém, com os dados mais recentes das secretarias estaduais de Saúde, o número no Brasil já chega a 276. Também já foram registrados 1.586 casos graves da gripe suína no país. O avanço da doença é incontrolável, inclusive em Sorocaba e região, apesar de todas as providências que foram tomadas. É hora de entender a real dimensão da doença e que apenas palavras e ações paliativas não bastam, como a suspensão das aulas nas escolas. Talvez esteja faltando, além de informações corretas, uma mobilização preventiva muito maior para lidar com o novo, com o imponderável e com o diferente. Até agora, nada do que está sendo feito minimizou os efeitos da doença que vem atingindo tanta gente. Da mesma forma, também não deixa de ser estranho o fato de a venda de medicamentos contra a doença ter sido iniciada de imediato em todo o mundo. Se a gripe representava uma nova realidade planetária, como é que os laboratórios produziram em tempo recorde os medicamentos necessários? O interessante é que produziu-se o remédio e não a vacina, que só deverá ficar pronta no ano que vem. Há dúvidas, inclusive, quanto à eficácia do remédio. Ninguém sabe ao certo se o tão propalado medicamento contra a Influenza A realmente corresponde às expectativas. O que se percebe, na verdade, é que o governo está tendo sérias dificuldades para enfrentar o problema. Parece que tudo tem sido feito para não alarmar a população e não com o objetivo de combater de forma eficiente e eficaz a gripe suína. Basta lembrar que o Brasil não tem estrutura hospitalar de vanguarda para enfrentar uma epidemia da gripe, caso realmente ela venha a ocorrer com o passar do tempo. Por tudo isso, seria interessante que os profissionais de todo o País que atuam nessa área fizessem uma série de questionamentos ao governo sobre a nova realidade que o Brasil está vivendo. A população brasileira tem o direito de ter acesso a todas as informações. E, neste momento, conforme tudo indica, elas só são do conhecimento do Ministério da Saúde. Pior ainda será se o ministério, por falta de dados reais, não tiver respostas à altura para dar à opinião pública. |
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quinta-feira, 13 de agosto de 2009
A Gripe E A Falta De Informação
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