quinta-feira, 13 de agosto de 2009

Empresa Aérea Da Cidade É Acusada De Levar Dinheiro Da Universal Para Paraísos Fiscais

Acusado de formação de quadrilha e lavagem de dinheiro, o bispo Edir Macedo e outros nove integrantes da Igreja Universal do Reino de Deus estão sendo investigados pelo Ministério Público Estadual, que busca a origem de altos valores arrecadados, como os R$ 1,4 bilhão que fazem parte da receita anual da instituição. Em Sorocaba, uma empresa de transporte aéreo que pertence à igreja é apontada como principal escape para os esquemas criminosos.

Segundo dados da Receita Federal, a quantia em dinheiro arrecadado pela igreja, por meio dos dízimos pagos pelos fiéis, chega a R$ 1,4 bilhão ao ano, motivo pelo qual o Ministério Público iniciou uma investigação há dois anos. O MP denuncia que a instituição montou um esquema aéreo bem estruturado para transportar o dinheiro arrecadado nos mais de 4.500 templos espalhados nas 1.500 cidades do País e de se aproveitar da isenção de impostos oferecidos a igrejas de qualquer culto. “Após a arrecadação em cultos e atos nos templos, o dinheiro era acondicionado em sacolas e transportado em aviões particulares”, informou o juiz Gláucio Roberto Brittes, da 9ª Vara Criminal de São Paulo. As viagens que levam o bispo Edir Macedo e outros membros da igreja para vários Estados brasileiros e para cidades do exterior, são realizadas pela empresa sorocabana Alliance Jet.

Com uma frota de jatinhos potentes e capazes de cruzar oceanos, a Alliance Jet tem o maior número de viagens feitas para os Estados Unidos, onde mora Edir Macedo, e também para o Caribe, segundo informações apuradas pelo MP. Mesmo com hangar de capacidade para quatro jatos, a empresa prefere decolar seus vôos dos aeroportos de Cumbica, em Guarulhos, e Congonhas, em São Paulo, seguindo para diversos destinos. O mais recente investimento feito pela empresa foi a compra de um moderno jatinho que custou mais de R$ 50 milhões.

A denúncia feita pelo Ministério Público, através do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) de São Paulo, e aceita pelo juiz Gláucio Roberto Brittes, na segunda-feira (10), é resultado de um trabalho de apurações sobre a movimentação financeira da igreja. A investigação teve início em 2007, quando sigilos bancários e fiscais foram apurados, chegando ao número de patrimônios adquiridos em nome da instituição entre os anos de 1999 e 2009.

Além da empresa sorocabana, o MP levantou o número dos bens acumulados por membros da igreja, que os cerca de oito bilhões de fiéis ajudam a manter nestes 32 anos de existência. São 23 emissoras de TV e 42 emissoras de rádio, quatro firmas de participações, uma agência de turismo, uma imobiliária, uma empresa de seguro de saúde, duas gráficas, uma gravadora, uma produtora de vídeos, uma construtora, uma fábrica de móveis e duas financeiras.

O MP revelou ainda que, segundo informações do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf), órgão do Ministério da Fazenda que combate a lavagem de dinheiro, depósitos bancários em espécies, feitos por pessoas ligadas à Universal, chegam a somar R$ 8 bilhões somente entre o mês de março de 2001 e março de 2008, e a movimentação entre 2003 e 2008 somou quase R$ 4 bilhões. (JORNAL DIARIO DE SOROCABA)

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