O Conjunto Hospitalar de Sorocaba (CHS) terá como interventor o médico e atual diretor executivo do Instituto da Radiologia do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP), Luís Cláudio de Azevedo Silva. A partir de hoje ele terá como atribuição, num prazo de 60 dias, fazer um diagnóstico da situação assistencial e administrativa do complexo hospitalar. Já os R$ 60 milhões, anunciados no início do ano, para as obras de modernização e ampliação no Conjunto serão destinados a partir do segundo semestre. O anúncio foi feito no início da noite de ontem pelo governador Geraldo Alckmin, que poucas horas antes também determinou a adoção de uma série de medidas, como a realização de auditorias em todos os hospitais do Estado em que haja plantões, implantação do ponto eletrônico e ainda a criação da Controladoria Geral do Estado. O governador disse que já tinha conhecimento das irregularidades e avaliou as denúncias como "gravíssimas". Foi taxativo: "Tudo que envolve dinheiro público não se pode aceitar o desperdício de um centavo. Transparência absoluta; Todos vão responder, aqueles que malversavam o dinheiro público."
O interventor assume a função cinco dias após o Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) e a Polícia Civil de Sorocaba terem desencadeado a Operação Hipócrates, com 37 mandados de prisões temporárias e a busca e apreensão em residências e 12 hospitais de Sorocaba, Capital e Grande São Paulo. Terá pela frente a missão de realizar um diagnóstico de toda a situação assistencial e administrativa do CHS, que compreende os hospitais Regional, Leonor Mendes de Barros e ainda o Santa Lucinda. Luís Cláudio de Azevedo Silva deve estar em Sorocaba hoje para tomar conhecimento da situação do CHS e fazer os primeiros contatos com os médicos e demais funcionários da instituição.
Em nota encaminhada no início da noite de ontem, a Secretaria de Saúde do Estado informou que os R$ 60 milhões anunciados para obras de ampliação e modernização do Conjunto estão mantidos. Segundo a pasta, a verba será destinada a partir do segundo semestre deste ano. Apesar de não informar a data específica para a liberação do dinheiro, a expectativa é que isso só aconteça após a ação do interventor, com suas ações e da nomeação de um novo diretor para o órgão. Ainda de acordo com nota da Secretaria de Saúde do Estado, os recursos serão utilizados na construção de um prédio de internações totalmente novo, anexo ao Hospital Regional, que contará com 220 leitos, dos quais 40 de UTI, centro cirúrgico com seis salas e serviços de radioterapia e hemodinâmica. As novas instalações, que ficarão prontas em 18 meses, deverão ampliar em até 80% a capacidade de realização de cirurgias no complexo.
Medidas
Além da nomeação do interventor, o governador Geraldo Alckmin, como resposta ao esquema de fraude no Conjunto Hospitalar de Sorocaba, anunciou durante entrevista coletiva uma série de medidas. Uma delas, é a realização de auditoria em todos os hospitais do Estado onde há plantões médicos, para verificar como os plantões são feitos, qual o controle dos hospitais sobre isso e quais médicos fazem plantões na rede. Os hospitais devem encaminhar à Secretaria um levantamento sobre todos os plantões feitos nos últimos três anos. "Vamos auditar todos os nossos hospitais", disse.
Alckmin também determinou que em 90 dias todos os hospitais do Estado deverão implantar o ponto eletrônico. Segundo ele, o objetivo é ter mais "clareza e transparência" na administração do expediente dado pelos servidores. Atualmente, segundo a pasta de Saúde, cerca de 30% dos hospitais de administração direta da secretaria usam o ponto eletrônico. Questionado se seria viável financeiramente a adoção desse sistema eletrônico, o governador ponderou: "Creio que sim. Acho que quanto mais gente usar a tecnologia da informação, mais segurança se tem; mais controle se tem, além de melhor controle do horário de trabalho dos servidores."
Além do ponto eletrônico, ficou determinado que o registro dos plantões de médicos, enfermeiros e outros profissionais seja diferente do registro da carga horária regular dos profissionais. Alckmin disse ainda que pretende implantar uma "via rápida", como há na polícia. "O que nós queremos é que a corregedoria seja rápida. Tivemos uma denúncia em 2009 e que ainda não terminou. Tem que terminar em 90 ou até 120 dias. Não pode demorar tanto tempo. Nós vamos acelerar todos os processos nas corregedorias", disse e completou: vou criar a Controladoria Geral do Estado. Ou seja, não só fazer a correição em cima do que está errado, mas prevenir problemas. Esse caso (do CHS) é exemplar serve para todos da rede estadual."
Conhecimento das irregularidades
O governador Geraldo Alckmin afirmou ontem, durante entrevista coletiva que já tinha conhecimentos das irregularidades e que teria sido o próprio Executivo quem encaminhou as denúncias ao Ministério Público. No último dia 18, reportagem do Cruzeiro do Sul demonstrou que as denúncias de irregularidades, que culminaram em investigação policial e na prisão de 12 pessoas, teriam partido de um grupo de 20 servidores que atuam na unidade, que protocolou, no dia 21 de setembro de 2010, no Fórum Cível de Sorocaba. "Em relação à questão do Conjunto Hospitalar de Sorocaba, o governo já tinha detectado, há um ano e meio atrás, irregularidades na questão do pagamento de plantões de horas extras. Abriu-se uma sindicância e encaminhou ao Ministério Público que apurou os fatos, fez as escutas telefônicas e prendeu as pessoas que cometiam os delitos. Elas responderão processos civil e criminal", argumentou Alckmin.
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