quinta-feira, 30 de setembro de 2010

O pior é que pode, sim, piorar

A eleição é domingo. A campanha passou rápido e, infelizmente, pouco empolgou os eleitores. No ar, existe uma tendência de continuísmo nos governos federal e estadual. O programa eleitoral gratuito mais uma vez foi inútil. E até os debates foram desinteressantes e não modificaram muita coisa até aqui.

Numa campanha tão insipida o que mais chamou a atenção foi o festival de candidatos bizarros, oriundos em sua maioria dos meios artístico e futebolístico. E entre todos eles, o destaque é o palhaço Tiririca. Sem dúvida nenhuma, daqui a dez ou 20 anos, a eleição de 2010 será lembrada como “aquela em que o Tiririca foi candidato”. Não é lamentável que seja assim, leitor?

E, ao contrário do slogan de Tiririca, de que com “pior que está não fica”, o cenário pós-eleitoral que se desenha aponta que a representação política, por inacreditável que pareça, vai descer um degrau ou mais. A começar pela provável eleição do próprio Tiririca e, com ele, uma meia dúzia de deputados, gente como o mensaleiro Valdemar Costa Neto e o cantor Agnaldo Timóteo.

Costa Neto, que renunciou ao mandato de deputado federal durante o escândalo do mensalão para poder se candidatar agora, e Timóteo são do PR, o mesmo partido de Tiririca. Infelizmente, o eleitorado demonstra não saber ou insiste em ignorar que a votação maciça em Tiririca contribui para que o partido dele eleja cinco ou seis parlamentares de roldão, justamente os políticos que o eleitor está pensado em punir ao votar no palhaço. Se bem que alguém já disse que o voto para Tiririca não é mais de “protesto”, mas de puro deboche mesmo. Aí não dá nem para argumentar que o eleitor está sendo feito de idiota. Ele mesmo se idiotiza.

De qualquer maneira, o eleitor de Rio Preto e região precisa ficar esperto para não cair nesta cilada. Não é possível que aqui e nas cidades da região não haja um candidato, entre tantos que o BOM DIA já apresentou em sua páginas, que mereça a confiança do eleitor. Embora o voto não seja distrital, optar pelo candidato mais próximo de onde se está é sempre a melhor maneira de cobrá-lo depois. Aliás, se as pessoas acompanhassem mais a atividade dos parlamentares, não teríamos representantes tão ruins.

Tiririca à parte, outro fato que deve empobrecer o Congresso é a perspectiva de maioria esmagadora do governo na Câmara e no Senado. Se com a oposição de hoje o presidente da República age como se fosse um imperador, aprovando tudo o que bem entende, imagina com um Congresso ainda mais dócil, que não crie CPIs e deixe o governo correr solto, sem qualquer vigilância. É se preparar para o pior. (Jornal Bom Dia Sorocaba)

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