quinta-feira, 19 de agosto de 2010

Tesouro reduzirá empréstimos de recursos ao BNDES

O ministro da Fazenda, Guido Mantega, anunciou hoje que no prazo de até um mês e meio o governo vai apresentar um conjunto de medidas para estimular o financiamento privado de longo prazo. "O Tesouro não vai continuar colocando no BNDES as cifras que colocou nos últimos dois anos", afirmou Mantega, acrescentando que o governo vai estimular de forma mais agressiva a entrada do setor privado no investimento de longo prazo, papel que hoje é desempenhado basicamente pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). "Não vai faltar recurso para investimento no futuro", disse.

O presidente do BNDES, Luciano Coutinho, afirmou que o empréstimo de R$ 180 bilhões concedido pelo Tesouro gerou uma elevação do PIB nominal do País em R$ 229 bilhões, com, segundo ele, um impacto positivo nas contas públicas estimado em R$ 79 bilhões. O levantamento do BNDES leva em conta um cenário em que a taxa Selic (10,75%) e a Taxa de Juros de Longo Prazo (6%) vão convergir em 2018, embora Coutinho tenha afirmado que essa é uma projeção conservadora. Já o ministro da Fazenda, que estava ao lado de Coutinho, na sede do BNDES no Rio, aposta que a convergência das taxas ocorrerá em 2014.

Coutinho explicou que o impacto positivo de R$ 79 bilhões nas contas públicas virá de duas formas. Em primeiro lugar com um lucro adicional ao BNDES de R$ 37,1 bilhões durante o período do empréstimo, que terá duração entre 20 anos e 40 anos. A União é o único acionista do BNDES. Em segundo lugar, Coutinho calcula que a arrecadação de impostos da União será ampliada em R$ 41,9 bilhões. O presidente do BNDES disse que esse número foi calculado levando-se em conta R$ 153 bilhões em investimentos sustentados realizados em 2009 e 2010 pelos empréstimos do Tesouro ao BNDES. Coutinho acrescentou ainda que o repasse do Tesouro ao BNDES e os empréstimos que o banco pode fazer a partir dele terão outros efeitos econômicos e sociais positivos para a economia.

Mantega afirmou que o "esforço" do BNDES para financiar investimentos após a crise econômica evitou um tombo na economia brasileira. Em entrevista na sede do banco, no Rio, ele calculou que, se não fossem as medidas de apoio ao investimento, o PIB teria sido 7 pontos porcentuais menor em 2009 e 2010. Inicialmente, o ministro falou em 7% e depois corrigiu o erro: "Em 2009, o PIB foi zero, mas poderia ter sido -3%. Em 2010, poderia ficar em apenas 2,5% e não em 6,5%, como projetamos", comentou o ministro. (AE)

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