terça-feira, 20 de julho de 2010

Maioria da população não tem esgoto tratado, diz pesquisa

Estudo mostra que apesar da realidade preocupante, aumento dos investimentos no setor são significativos nos últimos anos

Os investimentos para melhoria e expansão da rede de abastecimento de água aumentaram, em média, 12% ao ano no período de 2003 a 2008, passando de R$ 1,3 bilhão para R$ 2,2 bilhões. Mesmo assim, baseado em dados do Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento do Ministério das Cidades, 57% da população brasileira ainda não têm acesso a esgoto tratado e 19% não contam com o abastecimento de água.

O estudo Benefícios Econômicos da Expansão do Saneamento Brasileiro foi divulgado nesta terça-feira pelo Instituto Trata Brasil em parceria com a Fundação Getulio Vargas (FGV). Com relação à rede de esgotos, o ritmo de crescimento ficou pouco abaixo da rede de abastecimento de água, na média de 7,5% ao ano (R$ 1,8 bilhões em 2003 para R$ 2,6 bilhões em 2008).

A pesquisa ainda revela que a implantação da rede de esgoto reflete positivamente na qualidade de vida do trabalhador gerando o aumento da sua produtividade e da renda, além de contribuir para a valorização dos imóveis. "A evolução do setor é inquestionável, mas o déficit continua. Os investimentos precisam se crescentes para reduzir o número de brasileiros que ainda não tem acesso ao saneamento básico", esclarece o presidente do Trata Brasil, André Castro.

A pesquisa revela ainda que, por ano, 217 mil trabalhadores precisaram se afastar de suas atividades devido a problemas gastrointestinais ligados a falta de saneamento. A cada afastamento perde-se 17 horas de trabalho em média. A probabilidade de uma pessoa com acesso a rede de esgoto faltar as suas atividades por diarréia é 19,2% menor que uma pessoa que não tem acesso à rede. Considerando o valor médio da hora de trabalho no País de R$ 5,70 e apenas os afastamentos provocados apenas pela falta de saneamento básico, os custos chegam a R$ 238 milhões por ano em horas-pagas e não trabalhadas.

Por outro lado, ao ter acesso à rede de esgoto, um trabalhador aumenta sua produtividade em 13,3% permitindo assim o crescimento de sua renda na mesma proporção. A estimativa é que a massa de salários, que hoje gira em torno de R$ 1,1 trilhão, se eleve em 3,8%, provocando um aumento na renda de R$ 41,5 bilhões por ano.

Saúde

O estudo também apurou que em 2009, de acordo com o Datasus, dos 462 mil pacientes internados por infecções gastrointestinais, 2.101 morreram no hospital. Cada internação custa, em média, R$ 350,00. "Com a universalização do acesso a rede de esgoto teríamos uma economia de R$ 745 milhões em internações ao longo dos anos. Com o acesso universal ao saneamento, haveria uma redução de 25% no número de internações e de 65% na mortalidade, ou seja, 1.277 vidas seriam salvas.", afirma Fernando Garcia, coordenador da pesquisa da FGV.

Efeito imobiliário

A universalização do acesso à rede de esgoto pode ainda proporcionar uma valorização média de até 18% no valor dos imóveis. O trabalho adianta que os avanços na qualificação do espaço urbano provocados pelos investimentos em infraestrutura implicam a valorização dos imóveis principalmente nos pertencentes às famílias de menor rendimento, cuja moradia é quase que exclusivamente o único patrimônio.(Ig São Paulo)

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