Com o esgotamento da crise financeira internacional, pelo menos no que diz respeito ao Brasil, a boa notícia desta semana é que, daqui para frente, com a aproximação do final do ano, a economia do País deverá entrar num ciclo virtuoso por conta do abono aos aposentados, da restituição do imposto de renda, do pagamento do PIS, da primeira parte do 13º salário em novembro, da contratação de mais trabalhadores e da liberação de um crédito maior, bem superior ao mesmo período do ano passado, anunciado nesta semana pelo governo federal.
O que fica faltando apenas é o governo rever uma série de situações que há muito incomodam os setores produtivos e todos aqueles que precisam de uma oportunidade no mercado de trabalho. Falta a redução dos tributos em geral e dos encargos sociais. Falta o poder público reduzir seus gastos extravagantes. Falta mais racionalidade na gestão do dinheiro pago pelos contribuintes. Falta reduzir a corrupção. Se isso for feito, o potencial brasileiro cuida do resto, como sempre acontece. Desde que os governantes não atrapalhem tanto, o empresariado e os trabalhadores - os grandes construtores da Nação sabem muito bem como caminhar com as próprias pernas.
A situação é tão favorável que, de acordo com o noticiário, desde já as empresas se preparam para produzir mais, enquanto o comércio varejista já começa a reforçar os estoques e a pensar na ampliação dos prazos de pagamento para os consumidores. Algumas lojas de carros usados da cidade, por exemplo, já anunciam financiamento com prazo de até 72 meses para esvaziar os estoques. Levando-se em conta que o brasileiro é um consumidor por excelência e muito sensível aos apelos publicitários, tudo leva a crer que em outubro muitos lojistas já estarão anunciando o primeiro pagamento só para o mês de janeiro do ano que vem.
O que se recomenda, no entanto, é que todos tenham os pés no chão para não entrar em dívidas supérfluas e desnecessárias, principalmente aqueles que ainda não conseguiram saldar os compromissos assumidos ao longo de 2009. Gastar à vontade faz parte da cultura do brasileiro, mas na hora de pagar as contas é que os problemas aparecem de maneira amarga. Para quem não quiser se arrepender depois, os impulsos consumistas devem ser controlados tanto quanto possível. Que ninguém se iluda: pagar dívidas hoje em dia não está nada fácil.
Basta lembrar como a inadimplência cresceu ao longo do primeiro semestre deste ano, quando a vulnerabilidade do orçamento familiar acabou sendo perversa para muita gente. Daí a importância de não se empolgar tanto na hora de ir às compras.
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