Apesar dos anos que passam e de tudo aquilo que já se falou a respeito, um tema que continua sempre atual, intrigante e desalentador é o da atuação dos partidos políticos no Brasil, mais explicitamente o do número e da qualidade das siglas partidárias. Salvo engano, já passam de três dezenas os partidos que são legalmente reconhecidos pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE). E, de um modo geral, são tão assemelhados que apenas servem para confundir a cabeça dos eleitores. Não são poucos, por exemplo, os "democráticos", "trabalhistas", "cristãos" e "liberais".
Seria interessante, por sinal, que alguém contabilizasse as doutrinas trabalhistas, socialistas, cristãs e liberais. Além disso, várias das agremiações partidárias ainda se dividem em alas e mais alas, como se fossem autênticas escolas de samba desfilando na avenida.
Tudo isso torna as coisas mais complicadas, como ocorre atualmente com as dissidências do PT no Congresso com relação às denúncias que envolvem o senador José Sarney. Uns acatam as imposições do presidente Lula em favor do senador do Amapá, mas que mora no Maranhão, mas outros não.
Com pouquíssimas diferenças, todas as legendas praticamente defendem as mesmas idéias, pouco mudando a dialética política de vinte ou trinta anos atrás. Ainda agora, já com vistas às eleições do ano que vem para o Palácio do Planalto, para os governos estaduais, Congresso Nacional e assembleias legislativas, todos se apresentam no horário político da televisão como "os pais da pátria": enquanto uns garantem que vieram "para mudar", outros sustentam que trazem "um novo conceito de fazer política".
As abobrinhas que dizem, porém, não mudam jamais, contribuindo apenas para aumentar as páginas do anedotário político.
Diante de toda essa incômoda realidade, seria bom que os cientistas políticos dessem alguma explicação sobre a autêntica colcha de retalhos que pode ser observada, já que se trata de um quadro confuso e ininteligível que em nada ajuda a desgastada democracia brasileira.
Pior de tudo é que, faltando ainda mais de um ano para as eleições, os partidos já estão em ponto de bala para azucrinar a vida do eleitor. Como sempre, já se preparam para prometer resolver todos os problemas do Brasil e do mundo caso sejam eleitos. Trata-se de um filme que todos já estão cansados de ver.
Nenhum comentário:
Postar um comentário