Vem chamando a atenção da opinião pública, nos últimos dias, a divulgação do relatório do Banco Mundial com a revelação de que no período de dez anos os indicadores brasileiros de combate à corrupção não tiveram qualquer avanço mais significativo. Este fato não deixa de ser lamentável, demonstrando que o Brasil não pode simplesmente se contentar com pequenos avanços, como aqueles registrados em 2007 e 2008, quando foram mais intensas as investidas da Polícia Federal contra os corruptos e corruptores. Na verdade, os dados divulgados agora só servem para confirmar aquilo que a sociedade brasileira já sabia há muito tempo.
O que veio à tona no Brasil a partir de 2004 foi algo extremamente tenebroso contra os cofres públicos. A qualificação constatada agora não passa de uma gota de água no oceano em termos de combate aos atos nocivos contra o erário público. Por mais que se fale a respeito, a adoção de mecanismos adequados de controle aos assaltos ao dinheiro pago pelos contribuintes é algo que ainda precisa evoluir muito, especialmente com ações muito mais rigorosas por parte do Poder Judiciário.
A definição de controle de corrupção que o Banco Mundial usa para o relatório descreve o crime endêmico do qual o nosso País precisa se livrar com urgência: a extensão com que o poder público é exercido para ganhos privados, incluindo tanto pequenas como grandes formas de corrupção ativa e passiva. Talvez a única boa notícia apontada no relatório é que hoje em dia, diante de todos os descalabros praticados, existe uma participação mais efetiva da sociedade contra tudo aquilo de pior que é feito pelas gangues do colarinho branco, o que não deixa de ser positivo para fazer frente a um mal que se tornou crônico na vida político-administrativa do País.
Outro fato que também chama a atenção nas observações feitas pelo Banco Mundial é que há quinze anos o problema da corrupção era bem menos acentuado no Brasil. É importante dizer que fatos, análises e estudos caminham no sentido de estabelecer um desafio aos governantes em geral, aos poderes, entidades e órgãos de fiscalização e controle. A constatação de que aos poucos vai se fortalecendo um clima propício a ações contra a corrupção, exige que essa situação seja utilizada com consistência e eficácia, seja na denúncia e punição dos corruptos, seja na estruturação dos controles destinados a frear as mazelas que cometem.
O que efetivamente o Brasil precisa é da qualificação de todos os instrumentos que possam favorecer a construção de um setor público correto e de um País mais ético na esteira de seu desenvolvimento social e econômico.
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