sexta-feira, 10 de julho de 2009

Alunos Inadimplentes

Dados recentes divulgados pelo Sindicato das Entidades Mantenedoras do Ensino Superior do Estado de São Paulo, que reúne mais de 500 faculdades, dão conta de que houve um grande aumento de alunos inadimplentes no ano passado. O não pagamento de mensalidades cresceu quase 25% em comparação com 2007.

E só no primeiro bimestre de 2009 a inadimplência registrada foi de 11%, se comparada com o mesmo período de 2008. Trata-se de uma boa amostra das sérias dificuldades que os estudantes estão tendo para manter em dia as mensalidades escolares. Naturalmente, não se trata de nenhuma novidade, mas o fato é que a situação está ficando cada vez mais difícil para quem pretende concluir um curso universitário.

Muita gente reclama do alto custo das mensalidades, mas, na verdade, uma das causas principais é a abusiva carga tributária imposta ao setor educacional e que acaba sendo repassada para os estudantes. Falamos de uma adversidade que há muito complica a vida do País e ninguém consegue encontrar um meio termo para torná-la menos desgastante. Os anos passam, entra e sai governo, mas a situação continua a mesma, com os estudantes e seus pais sendo obrigados a fazer de tudo para manter as mensalidades em dia.

Infelizmente, isso não tem sido possível, como revelam os dados da inadimplência existente no setor. Por causa da crise internacional, o governo acabou reduzindo o IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados) dos veículos, do material de construção e dos produtos da chamada linha branca (geladeiras, máquinas de lavar, etc.), mas não teve a mesma iniciativa com relação a todos os demais setores que movimentam a economia nacional, muito menos no que diz respeito ao setor educacional, que continua com uma carga tributária das mais elevadas.

A indústria automobilística e outras grandes empresas foram beneficiadas, mas os estudantes continuam levando a pior. O fato é que o excesso de tributos não deixa de ser um castigo para os estudantes, trabalhadores e todos os setores produtivos. Ao contrário dos discursos oficiais, as classes menos favorecidas são as que acabam pagando mais impostos, que nunca param de crescer. A população nem sempre percebe, mas, como revelam as pesquisas, a maior parte da tributação imposta às camadas mais pobres da população é provocada pelos chamados impostos invisíveis, embutidos em todos os produtos e serviços, como o IPVA, IPI, ISS, ICMS, PIS e Confins, entre outros.

Não é brincadeira tudo aquilo que os governantes arrecadam às custas da população mais simples e, especialmente, dos alunos de todos os segmentos de ensino. Ao invés de cortar gastos, evitando, principalmente, a criação de novos cargos comissionados que não servem para nada, o governo tira recursos de pessoas que não têm renda suficiente para nada. O governo costuma fazer alarde em torno de projetos sociais, como a distribuição do Bolsa Família para cerca de 11 milhões de pessoas, mas não diz que retira muito mais, em forma de impostos, de milhões e milhões de famílias de baixa renda, inclusive dos estudantes, que passam anos e anos nos bancos escolares e quando saem dificilmente encontram alguma oportunidade compensadora no mercado de trabalho.

Na realidade, o que falta aos governantes brasileiros é mais racionalidade, sensatez e responsabilidade.

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