sábado, 25 de julho de 2009

Carências Sociais e Os Seus Problemas

Tornou-se uma cansativa rotina, ao longo dos últimos anos, ler jornal ou ligar a televisão e se dar conta de uma série de notícias sobre a violência. São situações cada vez mais absurdas que passaram a fazer parte do nosso cotidiano em qualquer lugar do Brasil.

E, junto com o conformismo da sociedade, os índices de criminalidade não param de aumentar. A partir disso, vivemos em um complexo paradoxo, onde, ao invés de se dar uma base para toda a população, objetivando-se a diminuição dos crimes, os sistemas sociais simplesmente se tornam muito mais ineficientes.

As campanhas contra a violência se multiplicam e nada de melhor acontece. Dizem tratar-se de um processo de "conscientização", mas ninguém explica a quem querem "conscientizar". O fato é que o conceito de violência permite as mais diversas abordagens que possam defini-lo no tempo e no espaço, de forma ética e em relação a quem pratica agressões e a quem se transforma em vítima.

Existe uma longa série de violências no cotidiano dos brasileiros, como a miséria, a falta de serviços públicos adequados, os impostos além da conta, a desagregação familiar e a falta de emprego, entre tantas outras.

Mas quase ninguém percebe que tudo isso acaba gerando uma série de conseqüências imprevisíveis.

Vamos nos restringir aqui à violência física representada pelos elevados índices de homicídios, dos quais o Brasil é um dos recordistas mundiais, o que coloca o problema em evidência na agenda política nacional.

Enquanto ninguém quer ser vítima das enchentes, dos desmoronamentos de morros sobre vítimas inocentes ou de outras formas de violência da natureza, procurando-se a todo custo mecanismos para evitar que ocorram, o Brasil praticamente não faz nada de mais eficiente para enfrentar as mais diversas manifestações de violência humana.

Simplesmente ser contra a violência, principalmente através de campanhas que pouco significam, não vai impedir que ela ocorra, pois, enquanto houver alguém disposto a praticá-la, ela continuará ocorrendo com a mesma certeza de que as enchentes e deslizamentos prosseguirão em muitos lugares do País.

Em vez de bradar contra a violência da natureza, o importante é dela se proteger por meio de diques, barragens, dispositivos contra incêndios e rios desassoreados, tentando, inclusive, se antecipar aos fenômenos através das pesquisas meteorológicas.

Para combater a violência física, além dos aparatos policiais, seria necessário a mesma coisa, ou seja, providências efetivas a favor das parcelas menos favorecidas da população.

Na maioria das vezes, por não terem emprego, estudo e outras oportunidades, elas enveredam para o lado da violência, das drogas e da degradação humana para suprir suas próprias carências sociais, emocionais e psicológicas.

Não adianta, portanto, apenas aquele tipo de conversa generalizada e descompromissada de que toda pessoa pobre é criminosa.

O que é preciso, de uma vez por todas, é a mudança do sistema vigente, que não gera oportunidades para quem mais precisa e não possibilita uma mobilidade social que possa contribuir para encontrar uma solução para o problema.



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