sexta-feira, 24 de agosto de 2012

Muretas fecham acessos a 5 ruas no Jardim Bandeirantes


O acesso de veículos ao bairro, que antes podia ser feito por seis diferentes ruas, agora está restrito a apenas uma via, a rua Claudino Izidoro Machado -Por: Adival B. Pinto


Uma parte do asfalto foi substituída por muretas de paralelepípedos e mudas de árvores em cinco ruas do Jardim Bandeirantes. A entrada com veículos no bairro, que antes podia ser feita por seis diferentes vias, agora está restrita a uma. Para chegar a qualquer rua cujo acesso foi interditado, os motoristas precisam trafegar em média dois quarteirões até a rua Claudino Izidoro Machado, a única que faz ligação com as demais. As restrições foram providenciadas pela própria Urbes - Trânsito e Transportes, que justifica a ação em atenção aos pedidos dos moradores, a fim de diminuir o movimento de carros para preservar o meio ambiente. A empresa pública ressalta que não foram instaladas cancelas em qualquer ponto.

De acordo com a Urbes, o objetivo foi o de desestimular o fluxo linear de veículos, já que antes das alterações as ruas Ismael Estanislau de Arruda e Antyonio Guilherme da Silva estavam sendo utilizadas como ligação entre a avenida São Paulo e a região lindeira à rodovia Raposo Tavares - o que aumentou consideravelmente o movimento no bairro. "Há outra forma de acesso à rodovia através da alça de acesso no final da avenida São Paulo", informa, em nota. A empresa divulga ainda que as mudanças foram solicitadas pelos moradores, que custearam os bloqueios, e foram realizadas após estudos técnicos do ponto de vista do trânsito. A Urbes informa que o pedido dos munícipes que vivem no local, visando a preservação do meio ambiente, teve como base o fato do Jardim Bandeirantes ser declarado, oficialmente, como área especial de interesse paisagístico e ambiental do município.

A Sociedade de Melhorias dos Jardins Bandeirantes, Novo Bandeirantes e Alpino confirmou o pedido, ressaltando que o reconhecimento paisagístico e ambiental é amparado por lei municipal. Segundo a entidade, como o trânsito prejudicava as características ambientais e promovia a falta de segurança, houve por parte dos moradores o pedido do fechamento das ruas. A Sociedade também alega que os moradores daquele local estão sofrendo com furtos e, em algumas vezes, assaltos. A Polícia Militar foi consultada pela reportagem sobre o índice de criminalidade na região e se o bloqueio das vias contribui ou não para o aumento da segurança, mas não respondeu até o fechamento desta edição.

O presidente da Sociedade de Melhorias dos Jardins Bandeirantes, Novo Bandeirantes e Alpino, Adair Alves Filho, informou que os três bairros juntos têm 21 quarteirões, com aproximadamente 70 residências, e com base nas solicitações de vários moradores, desde o ano 2000, a Sociedade de Melhorias levou à Prefeitura e à Urbes o pedido para que as ruas fossem fechadas. Segundo Adair Filho, o que houve foi um redirecionamento do acesso ao bairro, dentro dos termos da lei que reconhece o interesse ambiental e paisagístico, com o aval do Ministério Público. 

"Esse pseudo-problema que está sendo causado tem um benefício muito grande, porque tem criadores de papagaios, de sabiás, tem árvores centenárias, essa região é privilegiada", argumentou o conselheiro fiscal da Sociedade de Melhorias, Elídio Magalhães Teixeira. O promotor de Justiça Jorge Alberto de Oliveira Marum, que moveu ações para proibir as restrições em ruas sem saída de outros bairros, declarou que no caso do Jardim Bandeirantes a medida visa o meio ambiente e o acesso dos veículos a todas as ruas pode dar-se por uma das vias sem que seja preciso passar por cancelas.
 
Opiniões divididas 
A recepcionista Bruna Panebianchi Tavares, 27 anos, mora no Jardim Bandeirantes e diz que a família dela ficou insatisfeita com o fim do acesso de veículos em parte das ruas. Uma das muretas que impedem a passagem dos carros foi colocada bem ao lado da residência dela, na rua Esmael Estanislau de Arruda. Até então, ela estava a pouco metros da avenida São Paulo, enquanto agora precisa circular no mínimo dois quarteirões no interior do bairro para chegar na mesma via. Bruna diz que já soube de três assaltos em um mesmo dia, mas crê que fechar as ruas para o trânsito não evita esse tipo de problema. O motorista Vanderlei José do Carmo, 24 anos, fazia uma entrega com uma moto no bairro e passou tranquilamente ao redor da mureta. Disse que aquele é o tipo de providência que toma mais tempo dos motoristas em Sorocaba. 

Os moradores de dois condomínios que precisam usar as ruas do Jardim Bandeirantes para chegar às suas residências também tiveram os seus itinerários alterados. O vigia de uma churrascaria instalada na entrada do bairro, Davi Alves Guimarães, disse ter visto muitos motoristas queixando-se da situação e alguns até quiseram trafegar pelo estacionamento do restaurante para chegar mais rápido ao seu destino. Residente em um dos condomínios, o advogado Antonio Carlos Delgado Lopes declarou que inicialmente houve preocupação porque os moradores chegaram a pensar que não iam mais poder passar por dentro do bairro vizinho. 

Delgado afirmou que apesar da dificuldade de percorrer dois quarteirões a mais para chegar ao condomínio, se a segurança melhorar nas imediações, o local também ficará mais seguro. A doméstica que trabalha no Jardim Bandeirantes, Márcia Maria de Queiroz, 40 anos, diz que a família que atende gostou do fechamento das ruas para melhorar a segurança. Ela disse que há dois meses presenciou a ação de bandidos na região.
(Leandro Nogueira - Jornal Cruzeiro do Sul)

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