quinta-feira, 14 de maio de 2009

Apatia É Que Impera

Antigamente, trinta anos atrás, quando ainda não era muito o tráfico e o consumo de drogas, as páginas policiais dos jornais pouco abordavam o assunto. Tendo em vista que os consumidores eram poucos, só de vez em quando é que algum traficante era preso.

Hoje em dia, infelizmente, com as coisas fora de controle, a imprensa não passa um único dia sem trazer notícias sobre a prisão de traficantes, numa clara demonstração de que o tráfico ganhou dimensões gigantescas e, pior que isso, que os consumidores se multiplicam da noite para o dia, ignorando os terríveis males que as drogas causam à mente, à saúde e ao bolso dos brasileiros. Apesar de tudo que já se falou a respeito e das ações desenvolvidas pelas autoridades competentes, o problema nunca deixou de evoluir, numa prova de que tudo tem sido insuficiente contra os traficantes e os consumidores.

Será que governantes, políticos, Poder Judiciário, defensores dos direitos humanos, Igreja, imprensa, movimentos populares e, principalmente, a sociedade brasileira não percebem que tudo isso está diretamente relacionado com a impunidade? Claro que sim. Mas, se todos sabem disso, como é que as coisas continuam de mal a pior? Se a força do povo é inigualável, porque tudo continua na mesma? Como é que não aparece alguma liderança disposta a mobilizar a todos contra tudo isso? Por que as facções criminosas dão show de organização? Por que é que seus líderes, mesmo confinados em penitenciárias de segurança máxima, comandam como ninguém as ações criminosas de seus "soldados" que estão nas ruas? Simplesmente porque, diante da mão de ferro que emerge das prisões, a bandidagem nas ruas tem receio do que pode lhe acontecer caso não cumpra as ordens da chefia.

Para o bandido que deixa de fazer o que deve ser feito, a punição é imediata e não são poucos os que pagam com a própria vida. No submundo do crime, não há impunidade, ao contrário do que acontece no cotidiano da vida nacional. Talvez fosse o caso de convocar o Marcola e outras lideranças criminosas para organizar a vida da sociedade brasileira.

Se alguém imagina que alguma coisa pode melhorar no Brasil, onde a apatia é que impera, é porque é muito ingênuo ou preguiçoso demais, tendo incontrolável vocação para a irresponsabilidade ilimitada.

É de se lamentar que a sociedade, como nunca antes, apenas se preocupe com o prazer imediato. Aquilo que não se identifica com a rapidez é deixado de lado. Basta verificar como todos agem às pressas quando se trata de consumir coisas supérfluas, do prazer exacerbado, do entretenimento fácil, das bebidas, das drogas e da procura obsessiva por dinheiro. Parece que não, mas o fato é que toda essa procura desesperada por coisas mundanas, desnecessárias e perigosas apenas embrutecem e danificam os alicerces da sociedade, tendo em vista, principalmente, que valores essenciais acabam sendo deixados de lado. Ninguém corre atrás de Deus, por exemplo, com a mesma desenvoltura.

Infelizmente, por mais que o Brasil precise de respostas à altura rumo ao futuro, não surge ninguém para repensá-lo como se deve, evitando, dessa forma, a continuidade de todas as suas deformações.

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