Como todos sabem, assaltar os cofres públicos virou uma rotina no Brasil, com a agravante de que, hoje em dia, político que não rouba acaba sofrendo retaliação dos demais. Conforme a imprensa registra quase que diariamente, as coisas estão cada vez mais fora de controle. Por isso mesmo, têm sido muito elucidativas as entrevistas do senador Jarbas Vasconcelos (MDB-PE) sobre esse assunto. Os bons políticos estão sofrendo a ação predadora dos maus políticos. Um deles, por exemplo, há algum tempo chegou a dizer, diante da mídia eletrônica, sem qualquer vergonha na cara, que estava em Brasília para ganhar dinheiro.
É de se lamentar a existência das gangues que há vários anos tomaram de assalto o poder público sem que providências efetivas fossem colocadas em prática para conter o avanço dos espertalhões em cima do dinheiro pago pelos contribuintes. As agremiações partidárias que, a princípio, deveriam zelar pelo bom nome de suas legendas, preferem fechar os olhos para o que vem acontecendo. Só quando as maracutaias saltam à vista é que procuram fazer alguma coisa para dar uma satisfação à indignação da sociedade.
É justamente por causa da inércia dos parlamentares com relação aos abusos praticados pelos seus pares que o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) está sendo obrigado a intervir cada vez mais na vida legislativa para cassar políticos que se locupletaram ao sabor de muitas improbidades administrativas. Na maioria das vezes, porém, os Tribunais Eleitorais também são omissos, pouco fazendo para melhorar a situação. E as investigações realizadas pela Polícia Federal e promotorias nem sempre alcançam seus objetivos, não demorando muito para cair no esquecimento, suplantadas que são por outro escândalo de maior notoriedade. Falta mais rapidez e determinação para a elucidação de muitos casos.
Como a morosidade é que impera, a impunidade acaba ganhando força e alimentando a corrupção, cujos protagonistas sempre estão muito atentos para a aplicação de golpes de toda natureza. Se a justiça agisse com mais firmeza, com certeza os efeitos pedagógicos de suas sentenças contribuiriam para reduzir a delinqüência no cenário político.
Por mais que muitos não concordem com a interferência do Judiciário no Executivo e Legislativo, principalmente aqueles envolvidos com tanta podridão, o fato é que, no Brasil, diante das patifarias praticadas, a postura dos tribunais não pode ser diferente. É preciso interferir mesmo, isto para que a dignidade do povo brasileiro possa ser resgatada, nem que seja apenas de vez em quando. Sem um pouco de moralização, o Brasil estará condenado a servir de deboche eterno para todo o mundo civilizado.
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